sexta-feira, 17 de maio de 2013


Entrevista de Ivan Ruiz
* Entrevista traduzida a partir do site da Associação La main à loreille. Ela pode ser encontrada no endereço abaixo:


Três perguntas a Ivan Ruiz

Entrevista publicada na Lettre Mensuelle N°314 da ECF (École de la Cause Freudienne)

Armelle Gaydon : Ivan Ruiz, você é autor e co-diretor do filme DAutres voix. Un autre regard sur lautisme (Outras vozes. Um outro olhar sobre o autismo). Como esse filme nasceu ?

Ivan Ruiz: O filme nasceu em um momento bastante concreto quando há três anos na Espanha e especificamente na Catalônia surgiram tentativas de recusar a presença da psicanálise no tratamento do autismo. Após um forum e iniciativas de associações de pais e de profissionais para defender o discurso analítico e aquilo que a psicanálise sustenta em relação ao autismo, eu pensei que o audio-visual nos permitiria ir mais longe que a apresentação, o caso clínico.

AG: Por que e a partir de qual lugar você gostaria de falar do autismo?

IR: Minha experiência do autismo com a psicanálise remonta aos primeiros encontros feitos em estágio após meus estudos como psicólogo, em Courtil, um estabelecimento que acolhe crianças e adolescentes. Em seguida, houve o encontro com o autismo do meu filho, atualmente com 7 anos, que transtornou minha vida. Eu pensei que eu poderia fazer um filme dando a palavra aos pais, aos psicanalistas, mas principalmente aos próprios sujeitos autistas. Minha intenção era de lhes dar uma visibilidade. Como o título indica, há o olhar e a voz, objetos claramente em jogo no autismo.

AG: Ivan Ruiz, apreender uma reportagem sobre o real do autismo no lugar do analisante, isso muda o que?

IR: Esse filme foi uma maneira de transformar o traumatismo vivido em um objeto belo, onde a beleza seja apresentada. Eu queria que as pessoas falassem de seu encontro com o autismo. E para que isto pudesse ser escutado pelo público, colocar um véu que permita recebê-lo. Eu percebi, após a filmagem, que verdade esse filme não fala do autismo, mas da subjetividade de cada um. Mesmo não envolvidas pelo autismo, as pessoas saem comovidas, emocionadas. Isto foi um encontro. E a cena final com a dança e a música mostra tudo aquilo que se passa em uma relação terapêutica ou não, quando a subjetividade está implicada. A arte é diretamente envolvida, assim como o desejo e o engajamento fundamental de toda a equipe que fez desse, um projeto seu.  


Tradução: Luciana Castilho de Souza
Revisão: Tânia Abreu

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