quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Seminário Autismo e Psicose Infantil - da clínica à política, e retorno.



Seminário Autismo e Psicose Infantil
- da clínica à política, e retorno.

Ele então sustenta com um braço o bebê, que está empacotado nas duas fraudas; o bebê está todo durinho porque está com as duas fraudas, aí ele diz: “bebê”, grita, coloca, o bebê nos meus joelhos e estendendo as mãos sobre a frauda se encolhendo ele diz: “lobo... lobo!”, com um rosto terrificado.

                                Rosine e Robert Lefort, Estructures de la psychose.

O que é o Lobo para Robert? – se pergunta Rosine. Que relação este significante tem com um buraco? De que buraco se trata e onde se situa, na estrutura entre o menino e o Outro? 
O Seminário de outubro será dedicado ao Capítulo 3, deste livro dos Leforts, justamente intitulado “O que é o lobo?”. Iniciaremos com as questões que Bruna Brito recortou sobre o Capítulo 2 – “De signifiants meurtriers du surmoi au signifiant nouveau, unifiant, du meurtre: “loup”. Será nosso último encontro do ano com a leitura do caso Robert.
Em seguida, teremos a apresentação de um caso que trata - nas palavras de Wagner Erlange Monteiro Lima - de “um mistério, que cada autista carrega. Esta análise não seria possível sem a colaboração de vários parceiros: o autista, sua família, as equipes do CAPS e da Clínica da Família, e as pessoas do território por onde transita. Por isso, Wagner deu para o caso o título: "Gabriel e os laços sociais possíveis para um sujeito autista".
Em nosso encontro de dezembro, receberemos Paula Pimenta (EBP/AMP) como convidada para a conversação sobre “Política Pública e Política da Psicanálise sobre os autismos”.

Coordenação: Ana Martha Maia (EBP/AMP)
Data: 7 novembro e 5 dezembro. Sábados, 10h.
Local: Sede da EBP-Rio. Rua Capistrano de Abreu, 14. Humaitá.
Informaçõesanamarthamaia@gmail.com
*Aos inscritos que ainda não receberam, solicitar a tradução por email.


domingo, 1 de novembro de 2015

Debate em torno da questão do autismo

Em 2010, Barcelona, a Escuela Lacaniana de Psicoanálisis (ELP) promoveu um debate em torno da questão do autismo que reuniu um grande número de pessoas.
Para o dia 11 de dezembro, está convocando profissionais, pais e familiares, políticos e todos os interessados pelo tema a participarem de um Fórum aberto à cidade. 
http://autismos.elp.org.es/tag/cuaderno-del-foro-1/ 



O que esperamos da escola?
Políticas de educação e autismos
Clínica ou reeducação?
Da medicina baseada na evidência aos marcadores biológicos
A que se medica, quando se medica?
Escolher o objeto voz
Como o autista aprende?
Os que sabem os pais
                                        Testemunhos em primeira pessoa

Leia as informações, divulgue este Fórum e participe do Blog da EBP!
http://autismoepsicanalise.blogspot.com.br/

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Intervenção no Senado « Reorientar o 3º Plano Autismo


Por lamao1

Colóquio no Senado – 9 setembro de 2015 
Reorientar o 3º Plano Autismo 
Por uma verdadeira política de acolhimento humanista e plural 

Por Mireille BATTUT, Presidenta da La Main à l'oreille (lamainaloreille@gmail.com), Associação regulamentada pela lei de 1901 e membro do Movimento por um Atendimento do Autismo Humanista e Plural (leRAAHP@gmail.com), Associação regulamentada pela lei de 1901. 

Nossa constatação 
Depois do lançamento do 3º Plano Autismo, um método único foi imposto em nome de uma doutrina - o comportamental - erigido em ciência do Estado. Nossa corrente de pensamento que pretende ter uma abordagem humanista e plural dos autismos não deve ser ignorada. Sendo que as questões éticas são postas de lado em nome de uma eficiência que não deu provas, os profissionais que cuidam de nossas crianças são desconsiderados, e as famílias são abandonadas, depois de realizado o diagnóstico. Porque, o que mesmo falta e de forma cruel, são as estruturas de acolhimento e de inclusão escolar.

Nossas demandas de reorientação do 3º Plano Autismo 

A. A política atual está fundada numa ideologia dispendiosa, para uma população muito reduzida, e não provou sua eficácia.
 
B. Nossas propostas relativas à diversidade das situações no espectro do autismo: 
  1. Se apoiar numa pluralidade de dispositivos, numa diversidade de formações e abertas a uma pesquisa vivaz.
  2. Colocar em funcionamento um atendimento sustentável, depois de o diagnóstico precoce dar prioridade à continuidade do percurso realizado, dentro de uma concepção humanista e plural do vir a ser do indivíduo.
  3. Restabelecer a pluralidade nas instâncias de orientação em reconhecimento de nossa corrente de pensamento 

A. A política atual é fundada sobre uma ideologia dispendiosa, para uma população muito reduzida, e não provou sua eficácia. 

 Neuville diante do Comitê Nacional Autismo de 16 de abril de 2015 escreve algumas linhas discretas sobre o resultado da avaliação das 28 estruturas experimentais, todas pertencem ao método ABA: « Perspectiva: resumo a grande heterogeneidade observada nessas estruturas, trata-se de assegurar um acompanhamento específico da futura passagem pelo "direito comum" de 28 estabelecimentos e serviços experimentais: elaboração de uma base comum de funcionamento e de organização, melhor identificação do público alvo, modalidades de cooperação com os atores do médico-social, do setor sanitarista e da formação, apoio a uma melhor organização dos aspectos dos recursos humanos no seio das estruturas ». A experimentação não finalizou nenhum elemento que pudesse vir a ser generalizável. Dito de outro modo, apesar da atenção e da boa vontade, das quais é objeto, essas estruturas não atuam, de forma melhor que aquelas dos IME clássicos, porém, têm um custo bem superior.

Notamos ainda um critério de avaliação superior: no acompanhamento do experimento, este tinha sido retirado dessas avaliações pelo organismo de auditoria e ele foi dado in extremis à ordem do dia para uma próxima reunião do comitê de acompanhamento. Ora, a experiência quebequense mostrou que o investimento exclusivo nos métodos comportamentais em detrimento de outras técnicas não diminuiu o número de adultos dependentes e a falta de locais se as sente de forma ainda mais cruel. Nós queremos evitar que a França se encontra no mesmo impasse.

O Sr.Marc Bourquin (I), diretor do polo médico-social da ARS de Ile-de-France reconhecera depois da jornada parlamentar autismo em Paris, no dia 8 abril de 2015, que « para colocar em funcionamento os métodos intensivos precoces, é necessário que os recursos humanos os apoiem para que possam programá-los, mas, ainda faltam estudos que demonstrem, em longo prazo, o ganho econômico”. 

B. Nossas proposições, em relação à diversidade das situações no espectro do autismo: 

1- Se apoiar numa pluralidade de dispositivos, numa diversidade de formações e abertas a uma pesquisa vivaz. 

Uma orientação única não pode abraçar todas as situações. Também, nos parece coerente continuar a nos apoiar sobre as estruturas existentes, e as incitar a evoluir, como muitas o fizeram, integrando às suas práticas uma aplicação racional e equilibrada das recomendações de boas práticas profissionais se apoiando sobre o trítico terapêutico, educativo e pedagógico. 

Nós alertamos sobre o fato que a secretária de Estado prepara uma série de medidas que se reportam à formação dos trabalhadores sociais, a revisão dos critérios do DPC e dos centros de diagnóstico de proximidade. Trata-se desta vez de retirar o protocolo de todas as formações profissionais que não sejam comportamentais. Trata-se de distribuir o “Protocolo Autismo” aos estabelecimentos com este único critério, emitidas por associações ou por organismos privados. Necessário lembrar que as recomendações da HAS e da ANESM são destinadas a ser uma ajuda ao praticante, mas não lhe são opositoras. Instrumentalizar os textos – reduzidos a uma só página consagrados a classificação (altamente discutível) dos métodos - para interditar as formações ou eliminar a indicação de candidatos, inclusive, dos convites para a apresentação de projetos, isto é não só ilegal e liberticida, mas, também é um desvio que poderia deslegitimar as duas autoridades de saúde. 

Quanto à pesquisa, querer confiná-las às evidências já comprovadas parece ser uma inconsistência lógica e é um regresso estéril para a noção de ciência do Estado. Pelo contrário, é desejável favorecer uma maior interdisciplinaridade nesse domínio que atinge todas as dimensões humanas.
 
2- Colocar em funcionamento um atendimento sustentável, e depois do diagnóstico precoce, dar prioridade à continuidade do percurso realizado, dentro de uma concepção humanista e plural do vir a ser do indivíduo.

 Depois do lançamento do 3º plano autismo, um número grande de ações foi viabilizado para estruturar a rede de notificação, de diagnóstico e de intervenções precoces (II). No entanto, os resultados dessa oferta sinalizaram problemas relativos à falta de lugares disponíveis (30 unidades de ensino no jardim de infância para 280 crianças, soma-se a impossibilidade de transpor o atendimento para mais de 700 crianças), o risco de exclusão das crianças diagnosticados com autismo é alto, além da discriminação para os outros. A título de ilustração, em um IME, a criação de uma unidade especifica autismo com enquadramento forçado motivou a redução da taxa de enquadramentos de outras crianças, segundo critérios altamente discutíveis, produzindo distorções no acolhimento que pecam em serem justificáveis.  Ao lado dos beneficiários triados e escolhidos a dedo, outros se encontram em programas frustrados, ou pior, em casa, pela simples razão de não corresponderem a tal e tal critério. É por isso que a política de etiquetagem prevista na 2ª fase da posta em marcha do Plano autismo se revelará como discriminatória e corre o risco de conduzir a mais rupturas durante o percurso, sendo que não é esta a sua finalidade. 

Enquanto as filas de espera aumentam, os serviços ou os locais de atendimento são agora fechados de um dia para o outro, sendo que isso ocorre à revelia das famílias usuárias do estabelecimento, deixando-as sem solução. Os enrijecimentos dos critérios acabam por contrair e endurecer a oferta. As injunções repetidas e o clima de guerra abordando a todos que se aproximem do autismo acabam por intimidar os profissionais e desorientar os pais. O que resulta num efeito contrário para aqueles que buscam estabelecer uma parceria de confiança com os pais e profissionais. Todavia, a mesma recomendação cita sistematicamente uma classificação dos métodos, enfatiza a importância fundamental da continuidade das vias de cuidados, educação e de acompanhamento social, a fim de evitar as ausências no atendimento desde o seu início e as rupturas dadas as interfaces (mudanças) de cada idade (infância, puberdade, etc), ou, no ínterim dos incidentes e acidentes da vida, geradores, tanto de crises no acompanhamento, como de exclusão social e, ou institucional. Compartilhamos essa visão. 

Com o RAAHP, nós acreditamos defender um programa humanista e plural para os autismos e, nós consideramos que, o que aparece aqui como um conflito entre métodos ou entre posições ideológicas, não deve velar o fato de que temos muitas necessidades em comum a defender, tanto nas associações de famílias, como num número suficiente de lugares para acolher as crianças, lhes ajudar a se tornarem adultas, e inclusive, saber que eles terão acolhimento, no momento em que nós não estaremos mais aqui para lhes proteger. O principal atraso da França situa-se nesse nível. 

3- Restabelecer a pluralidade nas instâncias de orientação em reconhecimento de nossa corrente de pensamento

O pluralismo é uma das condições indispensáveis da via democrática. O espírito crítico está no fundamento de toda a descoberta e de todo o progresso. É então inadmissível que não estejam representados no Comitê de acompanhamento, no Conselho Científico da ANESM e no CNCPH, essas associações e as personalidades que sustentam incondicionalmente a mesma interpretação dessas recomendações. Os programas exclusivamente educativos ou reeducativos causam um impasse no sofrimento psíquico. E é por isso que eles são impotentes em compreender e tratar as passagens ao ato, às quais, eles não sabem responder, senão, pela contenção ou exclusão.
 La main à l’oreille e a RAAHP têm muito a dizer sobre esses temas. Nós temos apresentado várias vezes à demanda de que participássemos do comitê de acompanhamento do Plano, de modo que, a nossa corrente de pensamento- possa trazer a sua contribuição- que reagrupe mais e mais pais- que venham trazer as suas contribuições. Nós esperamos ainda a resposta. 

Mireille Battut 

M. Marc Bourquin, diretor do polo médico-social do ARS de Ile-de-France reconhecia durante a jornada parlamentar autismo em Paris no dia 8 abril de 2015, « para colocar em funcionamento os métodos intensivos precoces, é necessário que os recursos humanos os apoiem para programá-los, mas ainda faltam estudos que demonstrem, a longo termo, o ganho econômico”.  

(II) Vários estudos convergentes, entre os quais, um recente estudo sueco publicado pelo British Medical Journal (The bmj 28 avril 2015) http://www.bmj.com/content/350/bmj.h1961, mostra que a mais forte argumentação da prevalência do autismo não se dá por epidemia, mas, por uma série de mudanças administrativas que culminam numa maior sensibilização (integração de distúrbios mais moderados na detecção do diagnóstico) e uma substituição em relação a outros diagnósticos. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Seminário Autismo e Psicose Infantil - da clínica à política, e retorno.


No meio desta agitação, um objeto aparece: Robert é invadido pela presença da mamadeira, uma mamadeira de leite que eu coloquei, como de costume, no material da sessão. De fato, é a presença desta mamadeira no campo da sessão e a presença do Outro que fazem explodir e revelam a loucura de Robert.
Rosine e Robert Lefort, Estructures de la psychose.
O Seminário de outubro será dedicado à leitura das três primeiras sessões do caso Robert e dos comentários apresentados por Rosine na Journée de outono da ECF, de 1981. São justamente as sessões que ela destaca para indicar a função do objeto mamadeira, relacionado à tentativa de mutilação e intensa agitação de Robert. As referências bibliográficas são o primeiro capítulo do livro dos Leforts (ou o texto "Les trois premières séances du traitement de l'Enfant au loup", publicado em Ornicar? 03/1984,28) e o Capítulo 2 "Autismo e real: balizas para a prática", de A batalha do autismo: da clínica à política, de Éric Laurent.

Na segunda parte do Seminário - com formação em Licenciatura plena em Dança, Pós-Graduação em Estudos Avançados em Dança Contemporânea e Pós-Graduação em Terapia através do Movimento, Corpo e Subjetivação - Cassia Charrison apresentará um caso atendido em CAPs adulto e falará sobre o trabalho que tem realizado, há muitos anos, na saúde mental no Rio de Janeiro. "Fazer um corpo através da dança" é como intitula este caso.

Começaremos, excepcionalmente, às 9:30h e convidamos a todos para participar da Preparatória da XXIV Jornada da EBP-Rio que iniciará em seguida.

CoordenaçãoAna Martha Maia (EBP/AMP)
Data: 3 outubro, 7 novembro e 5 dezembro. Sábados, 10h.
Local: Sede da EBP-Rio. Rua Capistrano de Abreu, 14. Humaitá.
Informações: anamarthamaia@gmail.com

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Insistance des protocoles, persistance du désir

No dia 3 de outubro, será realizado em Rennes Forum Campus Psy como uma proposta de debate aberto à profissionais dos campos da educação, ensino, direito, saúde, psiquiatria e justiça, com o tema "Insistência de protocolos, persistência do desejo". No tempo da etiquetagem generalizada, em que tudo vira tentativa de controle, a proposta de uma leitura do mal estar na civilização , a partir da orientação lacaniana, com a presença de Éric Laurent, promete um rico encontro!Aguardemos os ecos deste momento de trabalho que nos interessam, sobretudo, com relação à padronização dos tratamentos dos autismos.



L'Association de la Cause freudienne et les Sections et antennes cliniques de Val de Loire-Bretagne s'unissent à nouveau  et organisent sous l’égide de campus-psy la tenue d'un forum ouvert à tous
Il se déroulera à Rennes, le 3 octobre 2015, à la Faculté de Médecine, de 9h30 à 17h30, sous le titre : "Insistance des protocoles, persistance du désir".

 Avec la participation exceptionnelle d’Eric Laurent, psychanalyste à Paris, ancien président de l'Association mondiale de psychanalyse, il s'agira de faire connaître, dans le dialogue et l’échange avec des professionnels  de l’éducation, de l'enseignement, du droit, de la santé, de la psychiatrie et de la justice, la lecture que fait la psychanalyse d'orientation lacanienne de ce qui se présente comme une forme actuelle du malaise dans notre civilisation.

Normes et protocoles ont envahi notre société contemporaine : ils ont permis, dans un premier temps, d'optimiser sur la base de l’expérimentation scientifique, les traitements dans le champ médical, la recherche en biologie, en physique, dans les sciences appliquées ou la sûreté dans l’industrie, puis ils se sont mis, dans un second temps, à proliférer et à fonctionner pour eux-mêmes, dans une confusion des moyens et des fins. Ils s'infiltrent de façon impérative dans tous les domaines de la société, tentant de standardiser les actions humaines en les vidant de toute initiative, analyse ou critique.

Ce forum a pour visée de préciser de quoi est faite cette protocolisation généralisée et de rendre compte de ce que les praticiens des divers champs concernés inventent pour la subvertir. 

Lieu : Faculté de médecine de Rennes
Date : 3 octobre 2015
Horaires : 9h30-17h30
Coût : 25€ - 15€ (étudiants et demandeurs d'emploi) - 50€ formation continue

S'inscrire sur www.forumvlb2015.fr

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Seminário Autismo e Psicose Infantil - da clínica à política, e retorno




É então que Melanie Klein, com este instinto animal que a fez aliás perfurar uma soma de conhecimentos até então impenetrável, ousa lhe falar - falar a um ser que se deixa, pois, apreender como alguém que, no sentido simbólico do termo, não responde. Ele está lá como se ela não existisse, como se fosse um móvel. E, entretanto, ela lhe fala.

                        Jacques Lacan, O Seminário 1: os escritos técnicos de Freud.


É com o caso Dick - publicado por Melanie Klein no artigo "A importância da formação do símbolo no desenvolvimento do ego" (1930) - que Lacan  (1953-1954) introduz questões sobre o lugar do imaginário na estrutura simbólica.

Neste "texto precioso" de Klein, sobre um menino autista que "está inteirinho na realidade, no estado puro, inconstituído", Lacan esboça o que mais tarde chamará de real, diferenciando-o da realidade.

Mas enquanto Klein enfatiza as fantasias imaginárias que invadem o menino Dick, Rosine Lefort se orienta pela falta de objeto, pela topologia das bordas, faz uso da interpretação fora-do-sentido [hors sens] e inventa um modo de trabalhar com crianças autistas e psicóticas.

Assim, no Seminário de setembro, trabalharemos o caso Dick, que será apresentado por Maria Elizabeth da Costa Araújo, introduzindo a leitura de Lacan sobre o caso Robert.

A segunda parte do Seminário será dedicada à exibição e conversação em torno do documentário "Autismos Entreditos", dirigido por Pâmela Perez, sobre os desafios, limites e apostas no tratamento de adultos em CAPS, através de depoimentos de mães, familiares e dos próprios usuários da Saúde Mental.


Coordenação: Ana Martha Maia
Datas: 12 setembro, 3 outubro, 7 novembro e 5 dezembro. Sábados, 10 às 12h.
Local: Sede da EBP-Rio. Rua Capistrano de Abreu, 14. Humaitá.
Inscrições e informações: anamarthamaia@gmail.com

*O Programa de 2015.2, a bibliografia e os textos traduzidos serão enviados por email, para os inscritos.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Andamento do ICP-RJ

Aconteceu em Búzios*

Por: Francisca Joana Menta Soares

2ª Jornada Científica sobre o Autismo, organizada pela APAE de Búzios, no dia 11 de julho 2015.

O Instituto de Clínica Psicanalítica do Rio de Janeiro - ICP-RJ foi convidado, através de Vera Ribeiro, a participar desse encontro de profissionais implicados na clínica do autismo.

Destinada aos profissionais da APAE de Búzios, na Região dos Lagos, a Jornada se estendeu também aos profissionais da saúde mental, da educação e de consultórios particulares, o que ampliou a discussão em torno do tratamento dos sujeitos autistas.

Maria do Rosário e Paula Borsoi puderam recolher os efeitos impactantes da exibição do filme A céu aberto, no ponto exato onde tocou cada um dos presentes, trazendo uma preciosa contribuição para se pensar a prática e a formação de cada um que se propõe a este trabalho, independente da especificidade de cada área, enlaçando a multiplicidade pela ética da orientação lacaniana.

A APAE, associação de pais e amigos dos especiais, tem acolhido crianças e adolescentes autistas e se proposto a um tratamento com esses sujeitos. Eles vêm experimentando técnicas de aprendizagem e ensinando libras como metodologia de trabalho. Puderam se abrir para o diálogo, relativizando, assim, pontos fundamentais como, por exemplo, pensar o mutismo e o uso atípico dos objetos como forma de defesa, atribuindo alteridade nos comportamentos "indesejáveis" desses sujeitos.

Ana Martha Maia e Vicente Gaglianone apresentaram casos clínicos onde cada analista, com seu estilo, pode transmitir pontos preciosos da orientação lacaniana no tratamento do autismo.
Foi uma iniciativa importante de abertura e ampliação de conversas de diferentes discursos, tendo como ponto comum o tratamento dos sujeitos autistas. Fica a aposta de que uma nova rede, causada pela ética da psicanálise de orientação lacaniana, tem a chance de se desenvolver na Região dos Lagos. 

*Publicado em Enl@ços – Boletim Eletrônico da EBP-Rio e do ICP-RJ

Seminário Autismo e Psicose Infantil - da clínica à política, e retorno.

Por que um paralelo entre o Menino Lobo e o Presidente Schreber? O Menino Lobo é um caso de psicose infantil e nós não poderemos senão nos reenviar à fonte inesgotável das Memórias de um Doente dos Nervos, de Daniel-Paul Schreber.

Rosine e Robert Lefort, Les structures de la psychose.

Relatado em uma publicação ainda não traduzida, o tratamento de Robert foi contemporâneo aos de Nadia e de Marise, e precedeu o de Marie-Françoise. Entre o rosto rubro do menino, o olhar às vezes fixo, mas de uma mobilidade incessante, seus gritos e urros, risos violentos e  agitação, Rosine encontra o que descrevemos, a partir do último ensino de Lacan, como Um significante sozinho: “O Lobo!”

Em nosso encontro de agosto, iniciaremos a leitura do caso Robert, descrito por Lacan, em seu primeiro Seminário, como “um desses casos graves que nos deixam num grande embaraço quanto ao diagnóstico”.

E será com um imenso prazer que receberemos Tânia Abreu (EBP/AMP), para apresentação de quatro vinhetas clínicas que promovem uma discussão sobre diagnóstico, trasferência e circuito da pulsão. Tânia participa do Observatório Políticas sobre o Autismo (AMP) e do Observatório sobre Medicalização na Infância (FAPOL), e leciona no Instituto de Psicanálise da Bahia. Seu trabalho é intitulado: “O lápis, a Mônica, o dinheiro... a música: objetos que abrem o circuito transferencial”.

Coordenação: Ana Martha Maia
Datas: 8 agosto, 12 setembro, 3 outubro, 7 novembro e 5 dezembro. Sábados, 10 às 12h.
LocalSede da EBP-Rio. Rua Capistrano de Abreu, 14. Humaitá. Inscrições e informaçõesanamarthamaia@gmail.com
*O Programa de 2015.2, a bibliografia e os textos traduzidos serão enviados por email, para os inscritos.