terça-feira, 22 de outubro de 2013

Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública

O Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública, que reúne cerca de 500 profissionais e 100 instituições em torno do debate atual sobre o tratamento do autismo, foi criado no final de 2012 e desde então vem promovendo uma série de atividades em São Paulo. Em março, ocorreu o primeiro grande encontro com a apresentação dos vinte e um grupos de trabalho, cujos temas articulam-se aos vários eixos que fazem parte deste debate: epistêmico, clínico, ético e político. Também, nesta ocasião, com a realização da primeira plenária, pode-se elaborar a Carta de Princípios do MPASP, definir as estratégias de ação e constituir um Comitê Gestor nacional.
Nos primeiros meses de 2013, várias instituições do Movimento, inclusive a EBP, participaram da consulta pública do documento, elaborado por diversas áreas temáticas no Ministério da Saúde, denominado  Linha de cuidado para Atenção às Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo na Rede de Atenção Psicossocial do SUS, que recomenda a pluraridade e a diversidade de abordagens no atendimento e tratamento. Em abril, no entanto, por ocasião do Dia Mundial do Autismo, o Ministério da Saúde lança um outro documento elaborado pela área da reabilitação/deficiência. Este fato desencadeia talvez a mais importante presença do Movimento no cenário politico, uma vez que uma comissão foi recebida pelo Ministro da Saúde - como resultado deste encontro, o Ministério da Saúde oficializa também o documento LInha de Cuidado  e o ministro institui um Comitê Assessor para promover uma articulação entre estas duas propostas, entre o campo da reabilitação e o campo da atenção psicossocial. O MPASP tem assento neste Comitê e conta com a colaboração de muitos colegas na análise dos documentos e na elaboração de propostas.
O tema da reabilitação, uma vez que favorece a restrição de propostas terapêtucias às abordagens comportamentais - tal como está desenvolvido nas diretrizes para implantação dos Centros de Reabilitação - tornou-se central no encontro e plenária realizados no dia 25 de maio, quando também pode-se debater e conhecer o trabalho de assessoria que foi realizado junto à Prefeitura do Município de São Paulo, deliberando-se que se deve apoiar e sempre indicar as diretrizes presentes no documento Linha de Cuidado.
Em junho, organizou-se um evento destinado à  apresentação das experiências institucionais no tratamento do autismo no SUS e no dia 14 de setembro tivemos o último encontro que se dividiu em duas partes: na primeira, quatro abordagens psicanalíticas para o autismo expuseram diferentes propostas instituicionais e de tratamento, como também as diferenças de orientação dentro da própria psicanálise; na segunda parte, em plenária, os presentes decidiram pelas principais orientações a ser dado ao Movimento, especialmente ao trabalho no Comitê do Ministério da Saúde. Programou-se um novo encontro no dia 23 de novembro de 2013, novamente em São Paulo, tendo por tema a detecção e a intervenção precoces.
O debate segue permanentemente pela lista de discussão e no dia 21/09 o Movimento finalizou uma carta aberta posicionando-se em relação ao programa “Autismo: universo particular” realizado por Dráuzio Varela no Fantástico, da Rede Globo.
Vários membros da EBP, um a um, implicaram-se na própria gestação do Movimento participando das primeiras reuniões e nos grupos de trabalho. Depois do X Congresso de Membros, em Porto de Galinhas, o Conselho da EBP decidiu nomear um grupo de trabalho, com Paula Pimenta na coordenação, e este passou a ter a função de representar institucionalmente a EBP no Movimento.
Retomando as palavras de Leonardo Gorostiza e Judith Miller, quando da convocação de uma reunião em Buenos Aires, durante o último congresso da AMP, em abril de 2012, o tema do autismo tem conseqüências para o próprio futuro da psicanálise. A iniciativa deste debate e importantes realizações pela AMP puderam desenhar uma política da orientação lacaniana que muito nos fundamenta agora nesta experiência inédita de estarmos em interlocução e em uma luta política pela psicanálise conjuntamente com outras instituições ou grupos analíticos. Creio ser este um dos efeitos de formação do analista que a Escola de Lacan pode produzir.
Heloisa Prado Rodrigues da Silva Telles

Para mais informações sobre o MPASP, acesse http://psicanaliseautismoesaudepublica.wordpress.com/about/


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