terça-feira, 9 de junho de 2015

Calidez e proximidade.




Calidez e proximidade.
Na passada quinta 7 de maio, o Centro de Exposições Joaquin Roncal de Zaragoza vestiu-se de festa com a inauguração da primeira mostra “O mundo em singular. I Encontro de Jovens Criadores com Autismo”, organizada pela Associação TEAdir-Aragon, inspirado no projeto ARTISTAS : AUTISTAS.
A surpreendente exposição, belíssima, delicada e cuidada nos mínimos detalhes, contou com três artistas (autistas) como protagonistas: Lucile Notin-Bourdeau (13 anos, Avignon), Martín Giménez Laborda (16 anos, Zaragoza) e Carlos David Illescas Vacas (40 anos, Granada). Outros jovens criadores/autistas pertencentes à Escola de Arte de Zaragoza honraram a mostra com suas obras: Luisa Hernández, Anabel Lacasta, Natalia Lisinicchia, Violette K., Diego Sanz Felipe, Gonzalo Moreno Causapé e Brenda Vallés Uriarte.
A mostra começou sua gestação dois anos antes, quando a mãe de Martin Gimenez Laborda, Cristina, pensou na comunicação entre os autistas artistas como via privilegiada para a circulação da linguagem artística, idioma em que os autistas  sentem-se mais à vontade. Cristina, junto com a presidenta de TEAdir Aragon, Maria Jesús, procuraram a Escola de Arte de Zaragoza. A parceria com a Escola foi instantânea, após elas apresentar a ideia que tinham da exposição: o conceito de expressão no autismo e o interesse dos pequenos artistas.
O depoimento de Martin sobre a exposição, as obras de cada um dos artistas e a menção aos familiares que a prestigiaram foi comovedor, arrancando aplausos muito emotivos de toda a sala.
O escritor e jornalista Antón Castro, por sua vez, falou do quanto havia aprendido contemplando a mostra: uma lição de humanidade e cordialidade. Mencionou um mundo “não singular, mas plural, compartilhado”, “repleto de diálogos”, salientando o fascinante diálogo entre os artistas.
No seguinte parágrafo transcrito do seu depoimento é possível tomar dimensão do impacto das obras:
“A arte nos comunica de maneira muito essencial e nos damos conta que ninguém nasce do nada e que em todos há fios misteriosos que nos conduzem ao passado e ao futuro, e que mexem conosco o tempo todo”.
Com a intenção que o trabalho siga e aumente, a exposição tenta dar ao autista um lugar na sociedade que faça laço social. O autista tem coisas a dizer, e elas podem ser ditas de uma forma ou outra. Precisa-se de sensibilidade, tempo, saber escutar e saber olhar e o autista nos dirá o que tenha a dizer. Qualquer disciplina artística tem cabimento para nunca deixar de tentar comunicação com o mundo autista.

Tradução: Marina Valle.

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