quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sobre a IV Jornada do MPASP - O que "rolou"?



Vanessa Carrilho dos Anjos Brandão

A IV edição da Jornada do MPASP - Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública nos trouxe debates instigantes, que marcam o objetivo de manter em movimento as discussões que perpassam este campo.

No primeiro dia, palestrantes abordaram o cuidado na primeira infância e as contribuições da Psicanálise nas Políticas Públicas. Na mesa intitulada: "Laço Social na escola e no trabalho", os participantes trouxeram a mais nova Lei Brasileira de Inclusão Social, para esquentar o debate.

no segundo dia do evento, além da apresentação de pôsteres, houve uma Mesa sobre a Intervenção Precoce e a Interdisciplinaridade no tratamento dos autismos. As Mesas sobre "Epidemia" e "Medicalização" promoveram uma rica discussão a respeito do excesso de diagnósticos e a hegemonia dos manuais de classificação psiquiátrica, como o recém lançado DSM-V, além de diversas dimensões do processo de medicalização e patologização e  a influência na produção de subjetividades. Vale ressaltar que dela fizeram parte psiquiatras da rede e pesquisadores.

De todas as experiências apresentadas, dois filmes despertaram emoção. O primeiro, de Pâmela Perez, trouxe ao evento o caráter real do autismo narrado por pais de pacientes de um CAPs.  Suas dificuldades deram lugar à invenção, estar no mundo através de passeios organizados pela oficina, técnicos e familiares. Ouvimos testemunhos marcados pela dor, sofrimento, mas também referências ao acolhimento, respeito e superação.

O outro filme, de Renato Barreto, pai de uma criança autista, surpreendeu. Sua formação na área tecnológica e de animação, aliada ao desejo de possibilitar que o filho entrasse no mundo de sua forma singular, deu vida a um aplicativo para smartphones e tablets, com o objetivo de facilitar a aprendizagem e comunicação de sujeitos autistas. Lúdico e encantador.
Em meio à criações, invenções, transmissões e articulações, o evento ainda contou com uma exposição fotográfica de Pâmela Perez, que usou suas lentes com muita sensibilidade para captar cenas da "loucura" que retratam a intensidade da luta antimanicomial e o atual momento político que ameaça o avanço alcançado com a Reforma Psiquiátrica.

Como participante do laboratório "A criança entre a mulher e a mãe" (CIEN-Rio) e do Seminário "Autismo e Psicose infantil -  da clínica à política, e retorno", foi bastante interessante preparar um trabalho para essa jornada. Apresentamos casos de autismos que tiveram saídas surpreendentes, o que para além de contribuir para o evento, me pareceu motivador. Acredito que a jornada deu vez e voz ao autismo e aos profissionais que trabalham e estudam o tema, permitindo maior força e movimento dentro das Políticas Públicas.

É para garantir o respeito as singularidades e o movimento em torno da Saúde Pública de qualidade, que seguimos na luta! Essa é a mensagem que fica.

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