quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Encontro com a Clínica do Autismo




Vamos retomar o Encontro com a Clínica do Autismo nos dias 30/09, 28/10 e 02/12, às 18h30, a partir dos temas que foram extraídos dos encontros anteriores: circuito pulsional, transferência e sintoma. 

Nossa proposta de pesquisa não visa apenas uma questão diagnóstica, mas acompanhar as soluções criativas que os autistas encontram para o que os atormenta.

Pretendemos verificar a maneira que os autistas encontram para tratar o impacto do significante sobre o corpo, que tem para eles efeitos devastadores, em um circuito pulsional a partir da inscrição de algum intervalo, de circunscrever um ponto de impossível. Cingir essa dimensão necessária ao trabalho com autistas pode nos orientar no seu acolhimento, ficando atentos à modalidade de laço que pode se desenvolver sob transferência.

Desejamos partilhar essa orientação com colegas de outras disciplinas convocadas a diagnosticar, medicalizar e incluir, que podem nos transmitir os impasses experimentados em sua prática e as soluções encontradas para dar aos autistas um lugar de sujeito.

Algumas perguntas nortearão nosso trabalho:
Como acolher os autistas, levando em conta o insuportável que se apresenta no convívio com os outros?
Como os familiares, os analistas e profissionais da educação podem acompanhar os autistas em seu trabalho para abrir brechas no que os obriga ao isolamento?

Como abrir caminho para a descoberta e a invenção de maneiras que tornem possível o encontro?

Para o encontro do dia 30/09, a discussão será a partir do texto: "Por que a hipótese de uma estrutura autística?", de Jean-Claude Maleval, disponível pelo link: http://www.opcaolacaniana.com.br/nranterior/numero18/texto7.html

Esperamos vocês.


Coordenação:
Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros
Paula Borsoi

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Pesquisas e práticas contemporâneas sobre o autismo”

Ressonâncias do Colóquio Internacional “Affinity therapy. Pesquisas e práticas contemporâneas sobre o autismo”

O Colóquio Internacional “Affinity therapy. Pesquisas e práticas contemporâneas sobre o autismo” aconteceu na cidade de Rennes, França, nos dias 5 e 6 de março de 2015 e tratou acerca das pesquisas internacionais que centraram seu trabalho sobre os estudos mais contemporâneos da “Affinity therapy”, desenvolvida por Ron Suskind, reconhecido jornalista político norte americano e pai de uma criança autista e o psicólogo clínico, Dr. Dan Griffin. Nossa colega Silvia Tendlarz, nos aproxima deste acontecimento através de seu relato e a partir da entrevista que realizou com Éric Laurent, Jean Claude Maleval, Sergio Laia, Iván Ruíz, Dan Griffin, Myriam Perrin e Ron Suskind. Agradecemos a Silvia Tendlarz por este grande trabalho e a todos aqueles que colaboraram com seu testemunho.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Seminário Autismo e Psicose Infantil - da clínica à política, e retorno.

 É a primeira vez que em torno do buraco do objeto – sobre o que ele colocou sua questão -, buraco que concerne ao Outro, que me concerne diretamente, a pulsão escópica pode, enfim, retornar sobre ele: ele se olha. Podemos seguir Freud para dizer que ele se olha no objeto ausente?Rosine e Robert Lefort, Les structures de la psychose.

O olhar será o tema a que o Seminário de outubro se dedicará, a partir da leitura do caso Robert, o Menino Lobo, Capítulo VI: "La pulsion scopique" do livro Les structures de la psychose: L'Enfant au loup et le Président, Paris: Seuil, 1988.
E, na segunda parte do Seminário, teremos muito prazer em receber, mais uma vez, Valeria Ferranti (EBP/AMP), coordenadora do Ciranda - NR Cereda, que apresentará um caso para o qual escolheu um título muito instigante:  "Olha! Olha! Olha!".
Nos dias 18 e 19 de novembro, estaremos no Hospital São Zacharias/SEPAI, coordenando o Curso "Autismo e Psicose Infantil - política, clínica e prática em instituição", que terá Marita Manzotti (EOL/AMP) e Daniela Teggi (EOL/AMP) como professoras convidadas. As informações podem ser obtidas pelo site hsz.org.br, Hospital São Zacharias/SEPAI e pelo telefone: 2244-2698. As vagas são limitadíssimas.

Coordenação: Ana Martha Maia (EBP/AMP).
Colaboradora: Bruna Brito.
Comissão de Tradução : Ana Martha Maia, Anna Carolina Nogueira, Astrea Gama e Silva, Bruna Brito, Luiza Sarrat Rangel, Maria Elizabeth Araújo, Marina Valle e Sonia Carneiro Leão.
Data: 1 outubro e 3 dezembro. Sábados, 10h.
Local: Sede da EBP-Rio. Rua Capistrano de Abreu, 14. Humaitá.
Informaçõesanamarthamaia@gmail.com
*Aos inscritos que ainda não receberam, solicitar as traduções por email.

Seminário Autismo e Psicose Infantil - da clínica à política, e retorno - Barra da Tijuca

Corpo, sintoma e gozo. 
"Freud articulava o gozo ao corpo pela zona erógena, pela borda onde vem a se enodar a pulsão. Os desenvolvimentos posteriores da psicanálise sempre enfatizaram mais a função da fantasia, enodando um parceiro imaginário, uma ficção simbólica e um gozo real. Os subconjuntos do gozo reenviam tanto ao heterogêneo da fantasia quanto a suas montagens diversas".                                            Éric Laurent, O avesso da biopolítica, p.41.

No Seminário de outubro, prosseguiremos trabalhando as relações entre corpo, sintoma e gozo, a partir da leitura do recente livro publicado por Laurent.
E nos dias 18 e 19 de novembro, estaremos no Hospital São Zacharias/SEPAI, coordenando o Curso "Autismo e Psicose Infantil - política, clínica e prática em instituição", que terá Marita Manzotti (EOL/AMP) e Daniela Teggi (EOL/AMP) como professoras convidadas. As informações podem ser obtidas pelo site hsz.org.br, Hospital São Zacharias/SEPAI e pelo telefone: 2244-2698. As vagas são limitadíssimas.

Coordenação: Ana Martha Maia (EBP/AMP).
Colaboradoras: Bruna Brito e Valéria Glioche.
Comissão de Tradução : Ana Martha Maia, Anna Carolina Nogueira, Astrea Gama e Silva, Bruna Brito, Luiza Sarrat Rangel, Maria Elizabeth Araújo, Marina Valle, Sônia Leão e Valéria Glioche.
Datas: 5 outubro, 16 novembro e 7 dezembro. Primeiras quartas-feiras de cada mês, às 12:30h.
Local: Rua Rui Frazão Soares, 121/sala 205. La Playa. Alpha Barra I.
Informaçõesanamarthamaia@gmail.com

*Aos inscritos que ainda não receberam, solicitar as traduções por email. Para os participantes que ainda não conseguiram comprar o livro, fazemos pedidos diretamente à editora.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Life, animated, o filme - ou quando uma janela se abre.


Ana Martha Wilson Maia
(EBP/AMP)
Entre as diversas abordagens sobre causa, diagnóstico e proposta de tratamento, uma surpreendente experiência foi divulgada em 2014, pelo pai de um menino autista, e tem sido amplamente comentada. A “Terapia da Afinidade” (Affinity Therapy) - termo proposto por Suskind (o pai) e Griffin (o terapeuta) para o tratamento que foi realizado com o menino Owen -  ficou conhecida a partir da publicação do livro de Suskind intitulado Life, Animated que agora virou roteiro cinematográfico. No Brasil, o filme acaba de ser lançado no Festival do Cinema, no Rio de Janeiro.
Relatado pelos pais e por ele mesmo, o surgimento do autismo de Owen foi devastador para todos, como mostra a passagem da cena em que o menino (como Peter Pan) brinca de espada com o pai, à cena em que se ausenta do mundo e, entre outras coisas que manifesta, para de falar.
A busca de tratamento e de uma escola que possa acolhê-lo com seu modo diferente de ser, o bullying, as crises, o filme ilustra o sofrimento de um sujeito que deseja se relacionar com os outros e não consegue, e o sofrimento dos pais e do irmão mais velho, inclusive pela preocupação com o futuro dele. "Estamos envelhecendo e queremos que ele seja independente e possa se cuidar sozinho"- pensam Suskind e Cornelia, a mãe, enquanto o irmão desde pequeno se sente responsável por ele e imagina como será difícil quando não poderem mais contar com os pais. Quando percebe que Owen está na adolescência, Walter quer ensiná-lo a "beijar de língua", quer falar com ele sobre sexo. Afinal, os autistas crescem.
Mas Owen teve a sorte de ser escutado, mesmo sem nada dizer. Sempre adorou assistir aos filmes da Disney com o irmão e, em um certo dia, os dois meninos, diante da cena em que e A Pequena Sereia (The Little Mermaid) perde a fala no acordo que faz com a bruxa do fundo do mar, ele disse: "sussuvoz" (juicervose) Sua mãe explicou que ele falara “apenas sua voz” (just your voice). Como a Pequena Sereia, Owen havia perdido a voz.
Uma cena que também se destaca: Owen sentado na cama, assistindo um filme como sempre, e o pai entra, percebe que ele repete todas as falas dos personagens, que ele as sabia de cor. Suskind cobre o corpo e a cabeça com um lençol, pega com uma das mãos um boneco de pelúcia que é personagem de um dos desenhos e se aproxima, imitando a voz e repetindo as frases do boneco no filme ... Owen responde. Ele fez dos personagens da Disney um duplo autístico e assim voltou a falar, separando a linguagem, da enunciação. Suskind diz que era preciso entrar na prisão do autismo do filho e tirá-lo de lá. "Uma janela se abriu e a luz entrou".
A emocionante formatura, a separação dos pais, o momento de se mudar para uma residência assistida, o namoro, o beijo, a primeira decepção, o emprego em um cinema (tinha que ser!) ... enquanto o espectador acompanha a história de um jovem adulto, em seus 23 anos, tem a oportunidade de conhecer sua preciosa invenção: "A Terra dos Coadjuvantes Perdidos", desenho animado criado por ele, cujo personagem principal é ele mesmo. O mundo invade, é violento, este é o tema da criação do personagem Fussbitch e da maldade da floresta.
Entre cenas do passado, filmadas em família, e cenas atuais, as lacunas de imagem são preenchidas por desenho animado, documentando também a apresentação de Owen no Colóquio Terapia da Afinidade, realizado nos dias 5 e 6 de março de 2015, na Universidade de Rennes II. Universitários e praticantes da psicanálise de diversos países, entre eles analistas do Campo Freudiano, tiveram a oportunidade de escutá-lo falar sobre sua vida e a paixão pelos desenhos da Disney.
"Minha infância passou, mas isso não importa. Meu futuro? Ainda estou buscando ele". Há um futuro para os autistas, Owen nos ensina. Para os autistas e para todos os que seguem na vida, com seus modos de gozo mais ou menos "diferentes", na direção de seus desejos.

Life, animated. Direção: Roger Ross Williams. Com Owen Suskind, Ron Suskind, Cornelia Suskind e Walter Suskind. Estados Unidos/França. 2016.