O Movimento
Psicanálise, Autismo e Saúde Pública, que reúne cerca de 500 profissionais e
100 instituições em torno do debate atual sobre o tratamento do autismo, foi
criado no final de 2012 e desde então vem promovendo uma série de atividades em
São Paulo. Em março,
ocorreu o primeiro
grande encontro com a
apresentação dos vinte e um grupos de trabalho, cujos temas articulam-se aos vários eixos que fazem parte deste
debate: epistêmico, clínico, ético e político. Também, nesta ocasião, com a
realização da primeira plenária, pode-se elaborar a Carta de Princípios do
MPASP, definir as estratégias de ação e constituir um Comitê Gestor nacional.
Nos
primeiros meses de 2013, várias instituições do Movimento, inclusive a EBP,
participaram da consulta pública do documento, elaborado por diversas áreas
temáticas no Ministério da Saúde, denominado Linha de
cuidado para Atenção às Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo na Rede
de Atenção Psicossocial do SUS, que recomenda a pluraridade e a diversidade
de abordagens no atendimento e tratamento. Em abril, no entanto, por ocasião do
Dia Mundial do Autismo, o Ministério da Saúde lança um outro documento elaborado
pela área da reabilitação/deficiência. Este fato desencadeia talvez a mais
importante presença do Movimento no cenário politico, uma vez que uma comissão
foi recebida pelo Ministro da Saúde - como resultado deste encontro, o
Ministério da Saúde oficializa também o documento LInha de Cuidado e o
ministro institui um Comitê Assessor para promover uma articulação entre estas
duas propostas, entre o campo da reabilitação e o campo da atenção
psicossocial. O MPASP tem assento neste Comitê e conta com a colaboração de
muitos colegas na análise dos documentos e na elaboração de propostas.
O tema da
reabilitação, uma vez que favorece a restrição de propostas terapêtucias às
abordagens comportamentais - tal como está desenvolvido nas diretrizes para
implantação dos Centros de Reabilitação - tornou-se central no encontro e
plenária realizados no dia 25 de maio, quando também pode-se debater e conhecer
o trabalho de assessoria que foi realizado junto à Prefeitura do Município de
São Paulo, deliberando-se que se deve apoiar e sempre indicar as diretrizes
presentes no documento Linha de Cuidado.
Em junho, organizou-se
um evento destinado à apresentação das
experiências institucionais no tratamento do autismo no SUS e no dia 14 de
setembro tivemos o último encontro que se dividiu em duas partes: na primeira, quatro
abordagens psicanalíticas para o autismo expuseram diferentes propostas
instituicionais e de tratamento, como também as diferenças de orientação dentro
da própria psicanálise; na segunda parte, em plenária, os presentes decidiram pelas
principais orientações a ser dado ao Movimento, especialmente ao trabalho no
Comitê do Ministério da Saúde. Programou-se um novo encontro no dia 23 de
novembro de 2013, novamente em São Paulo, tendo por tema a detecção e a intervenção
precoces.
O debate
segue permanentemente pela lista de discussão e no dia 21/09 o Movimento finalizou
uma carta aberta posicionando-se em relação ao programa “Autismo: universo
particular” realizado por Dráuzio Varela no Fantástico,
da Rede Globo.
Vários
membros da EBP, um a um, implicaram-se na própria gestação do Movimento
participando das primeiras reuniões e nos grupos de trabalho. Depois do X Congresso
de Membros, em Porto de Galinhas, o
Conselho da EBP decidiu nomear um grupo de trabalho, com Paula Pimenta na
coordenação, e este passou a ter a função de representar institucionalmente a
EBP no Movimento.
Retomando as palavras de Leonardo Gorostiza e Judith Miller,
quando da convocação de uma reunião em Buenos Aires, durante o último congresso
da AMP, em abril de 2012, o tema do autismo tem conseqüências para o próprio
futuro da psicanálise. A iniciativa deste debate e importantes realizações pela
AMP puderam desenhar uma política da orientação lacaniana que muito nos fundamenta
agora nesta experiência inédita de estarmos em interlocução e em uma luta
política pela psicanálise conjuntamente com outras instituições ou grupos
analíticos. Creio ser este um dos efeitos de formação do analista que a Escola
de Lacan pode produzir.
Heloisa Prado Rodrigues da Silva Telles
Para mais informações sobre o MPASP,
acesse http://psicanaliseautismoesaudepublica.wordpress.com/about/
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