Entrevista de Ivan Ruiz
* Entrevista traduzida a partir do site da Associação La main à l’oreille. Ela pode ser encontrada no endereço abaixo:
Três perguntas a Ivan Ruiz
Entrevista publicada na Lettre
Mensuelle N°314 da ECF (École de la Cause Freudienne)
Armelle Gaydon : Ivan Ruiz, você é autor e
co-diretor do filme D’Autres voix. Un
autre regard sur l’autisme (Outras vozes. Um outro olhar sobre o autismo).
Como esse filme nasceu ?
Ivan Ruiz: O filme nasceu em um momento
bastante concreto quando há três anos na Espanha e especificamente na Catalônia surgiram tentativas de recusar a presença da psicanálise no tratamento do autismo. Após um forum e iniciativas de associações de pais e
de profissionais para defender o discurso analítico e aquilo que a psicanálise sustenta em relação ao autismo, eu pensei que o audio-visual nos permitiria ir mais longe que
a apresentação, o caso clínico.
AG: Por que e a partir de qual lugar você gostaria de falar do autismo?
IR: Minha experiência do autismo com a psicanálise remonta aos primeiros encontros feitos em estágio após meus estudos como psicólogo, em Courtil, um estabelecimento que acolhe crianças e adolescentes. Em seguida, houve o encontro com o autismo do meu filho,
atualmente com 7 anos, que transtornou minha vida. Eu pensei que eu poderia
fazer um filme dando a palavra aos pais, aos psicanalistas, mas principalmente
aos próprios sujeitos autistas. Minha
intenção era de lhes dar uma
visibilidade. Como o título indica, há o olhar e a voz, objetos claramente em jogo no autismo.
AG: Ivan Ruiz, apreender uma reportagem sobre o real do autismo no lugar do
analisante, isso muda o que?
IR: Esse filme foi uma maneira de transformar o traumatismo vivido em um
objeto belo, onde a beleza seja apresentada. Eu queria que as pessoas falassem
de seu encontro com o autismo. E para que isto pudesse ser escutado pelo público, colocar um véu que permita recebê-lo. Eu percebi, após a filmagem, que verdade esse
filme não fala do autismo, mas da
subjetividade de cada um. Mesmo não envolvidas pelo autismo, as
pessoas saem comovidas, emocionadas. Isto foi um encontro. E a cena final com a
dança e a música mostra tudo aquilo que se passa em uma relação terapêutica ou não, quando a subjetividade está implicada. A arte é diretamente envolvida, assim como o desejo e o engajamento fundamental de
toda a equipe que fez desse, um projeto seu.
Tradução: Luciana Castilho de Souza
Revisão: Tânia Abreu
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