sábado, 14 de fevereiro de 2015

Terapia por afinidade

Colóquio Internacional

“Terapia por afinidade”

5 e 6 de março de 2015 – Universidade de Rennes


A “Terapia por afinidade” é um conceito introduzido nos USA em abril de 2014 por Ron Suskind, célebre jornalista de Nova York e Dan Griffin, terapeuta, para qualificar a surpreendente saída do fechamento autista de Owen Suskind graças à sua “afinidade” – isto é, seu interesse específico consagrado aos filmes de Disney. Pouco tempo antes, K. Barnett havia, ela também, relatado sua satisfação de ter tomado a atitude corajosa, contra o conselho dos especialistas, de estimular a paixão do seu filho autista pelo deslocamento da luz no espaço. Graças a isso, ele tornou-se pesquisador em astrofísica.

O eco considerável, nas mídias anglo-saxônicas, da obra de Suskind (Life, Animated, 2014), e num grau menor, daquela de K. Barnett (L’étincelle, 2013), obriga hoje os especialistas, notadamente nos Estados Unidos, a uma modificação radical da consideração dos interesses específicos no tratamento dos autistas: outrora fustigados como “obsessões” ou como “caprichos passageiros”, eles tendem a tornar-se o suporte principal do tratamento. Isso em conformidade com a opinião dos autistas de alto nível: a “máquina do abraço” de Temple Grandin já não havia estabelecido o benefício que é possível tirar das paixões dos autistas? Assim, este colóquio terá como visada mostrar como a maioria dos autistas testemunham do apoio fundamental que constituem suas afinidades.

Este colóquio tem também como objetivo descrever e analisar os diferentes métodos comportamentais, cognitivos e psicodinâmicos que utilizam os centros de interesse do autista, seja como reforço positivo, seja como vetor para desenvolver as competências sociais e estudar suas consequências terapêuticas. Da mesma forma, no que concerne levar em conta os afetos, os objetos autísticos, as obsessões ou paixões. Com efeito, os métodos recomendados na França pela Haute Autorité de Santé, procuram modificar os comportamentos ou a cognição dos autistas, mas deixam a desejar no que concerne a vida afetiva. O programa de Denver tenta remediar isso: deixando as crianças expressar suas escolhas quanto às aprendizagens propostas, ele se interessa pelas motivações e não negligencia mais a afetividade consciente. No entanto, uma ultrapassagem se produz quando as paixões são levadas em consideração. Introduzindo um elemento que transborda a vontade do sujeito, um elemento afetivo da ordem de “mais forte que si mesmo”, o centro de gravidade do tratamento se desloca. Não é mais o saber técnico do educador que dirige, mas a paixão ou a afinidade do sujeito, que se trata de estimular, mas que não se domina. Elevar ao primeiro plano a consideração dos interesses específicos, não mais como reforço de aprendizagens, mas como motores do tratamento, anuncia um retorno dos métodos psicodinâmicos. É por isso que um lugar maior será dado à prática institucional com os autistas.  





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