Colóquio Internacional
“Terapia por afinidade”
5 e 6 de março de 2015 – Universidade de
Rennes
A “Terapia por afinidade” é um conceito introduzido nos USA em
abril de 2014 por Ron Suskind, célebre jornalista de Nova York e Dan Griffin,
terapeuta, para qualificar a surpreendente saída do fechamento autista de Owen
Suskind graças à sua “afinidade” – isto é, seu interesse específico consagrado
aos filmes de Disney. Pouco tempo antes, K. Barnett havia, ela também, relatado
sua satisfação de ter tomado a atitude corajosa, contra o conselho dos
especialistas, de estimular a paixão do seu filho autista pelo deslocamento da
luz no espaço. Graças a isso, ele tornou-se pesquisador em astrofísica.
O eco considerável, nas mídias anglo-saxônicas, da obra de Suskind
(Life, Animated, 2014), e num grau menor, daquela de K.
Barnett (L’étincelle, 2013), obriga
hoje os especialistas, notadamente nos Estados Unidos, a uma modificação
radical da consideração dos interesses específicos no tratamento dos autistas:
outrora fustigados como “obsessões” ou como “caprichos passageiros”, eles
tendem a tornar-se o suporte principal do tratamento. Isso em conformidade com
a opinião dos autistas de alto nível: a “máquina do abraço” de Temple Grandin
já não havia estabelecido o benefício que é possível tirar das paixões dos
autistas? Assim, este colóquio terá como visada mostrar como a maioria dos
autistas testemunham do apoio fundamental que constituem suas afinidades.
Este colóquio tem também como objetivo descrever e analisar os diferentes
métodos comportamentais, cognitivos e psicodinâmicos que utilizam os centros de
interesse do autista, seja como reforço positivo, seja como vetor para
desenvolver as competências sociais e estudar suas consequências terapêuticas.
Da mesma forma, no que concerne levar em conta os afetos, os objetos
autísticos, as obsessões ou paixões. Com efeito, os métodos recomendados na
França pela Haute Autorité de Santé,
procuram modificar os comportamentos ou a cognição dos autistas, mas deixam a
desejar no que concerne a vida afetiva. O programa de Denver tenta remediar
isso: deixando as crianças expressar suas escolhas quanto às aprendizagens
propostas, ele se interessa pelas motivações e não negligencia mais a
afetividade consciente. No entanto, uma ultrapassagem se produz quando as
paixões são levadas em consideração. Introduzindo um elemento que transborda a
vontade do sujeito, um elemento afetivo da ordem de “mais forte que si mesmo”,
o centro de gravidade do tratamento se desloca. Não é mais o saber técnico do
educador que dirige, mas a paixão ou a afinidade do sujeito, que se trata de
estimular, mas que não se domina. Elevar ao primeiro plano a consideração dos
interesses específicos, não mais como reforço de aprendizagens, mas como
motores do tratamento, anuncia um retorno dos métodos psicodinâmicos. É por
isso que um lugar maior será dado à prática institucional com os autistas.
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