Autismos – “inclusão” escolar possível?[1]
Por Luiza Sarrat Rangel[2]
Recentemente
no cenário jurídico entrou em vigor a Lei nº 12.764/2012, que instituiu
a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno
do Espectro Autista, oriunda de tratados em que o Brasil é signatário.
No artigo 1° desta lei há previsão expressa da inclusão do autismo no
rol de deficientes para todos os fins legais e de direito; ao passo que o
artigo 2° traça as diretrizes gerais e lá inclui o estímulo à inserção
da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho.
Para os autistas que não encontram um lugar social pelo trabalho, há
também a previsão legal do benefício assistencial da prestação
continuada, previsto na Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS.
Diversos
são os movimentos sociais envolvidos na discussão do tema e "direitos
conquistados", desde a adoção das "escolas especializadas", até a
chamada "inclusão nas salas regulares de ensino”, proibição de negativa
de matrícula em escola regular, direito à redução de horas de trabalho
dos pais de autistas, etc.
As
políticas públicas previstas em leis baseiam-se na missão protetiva de
“inclusão” social dos autistas e acesso aos serviços públicos, como
educação e saúde.
Tendo
em vista o que a clínica com autismos nos ensina, de que modo a
psicanálise de orientação lacaniana pode contribuir nesse processo de
“inclusão”?
O
que se propõe é uma leitura da norma que não se feche no reducionismo
do mero atendimento de demandas assistencialistas e generalizantes, mas
que promova a singularidade, facilitando que cada autista encontre uma
maneira singular de se inserir no laço social.
[1] Texto
elaborado a partir do trabalho apresentado na III Jornada do MPASP -
Clínica Psicanalítica com Autismos (21 de março de 2015), em co-autoria
com Amanda Nunes e Simone Monnerat, e da interlocução do trabalho em
curso no Projeto “Lugar & Laços”, uma proposta de espaço de
atendimento clínico, conversações inter-disciplinares e de mediação
escola/trabalho, coordenado por Ana Martha Wilson Maia, desde 2012.
[2] Psicóloga.
Advogada. Aluna do Instituto de Clínica Psicanalítica – ICP/RJ.
Participante do Projeto “Lugar & Laços”, do laboratório do CIEN-Rio
“A criança entre a mulher e a mãe” e do Núcleo de Pesquisa Curumim
(ICP-RJ).
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